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Capítulo 1: I

Página 15

Para começar insistia nas vantagens do tráfego oriental, insinuando a sua superioridade em comparação com o serviço mercante ocidental. Enaltecia o céu, os mares, os navios, a vida fácil do Extremo Oriente. O Nan-Shan, afirmava, não tinha navio que se lhe comparasse.

«Não usamos uniformes com galões, mas por isso mesmo somos como irmãos aqui», escrevia ele. «Arranchamos todos juntos e vivemos como lordes... Os rapazes das caldeiras são todos tão decentes quanto é possível encontrá-los nessa espécie de gente, e o velho Salo, o primeiro-maquinista, é um tipo fixe. Somos bons amigos. Quanto ao nosso comandante, tu não poderias encontrar um capitão mais calmo. Às vezes até serias capaz de pensar que ele não possui o senso suficiente para ver que uma coisa está errada. E contudo não é assim. Não pode ser. Ele já está no comando há bastantes anos. Não faz nada de realmente disparatado e leva o navio a bom porto sem chatear ninguém. Estou convencido de que ele nem sequer tem miolos suficientes para sentir prazer em fazer uma cena. Eu não abuso dele. Seria indigno da minha parte. Fora da rotina do serviço ele não parece compreender nem metade daquilo que se lhe diz. Isto faz-nos dar uma boa gargalhada de vez em quando; mas a longo prazo também se toma chato conviver com um homem como este. O velho Salo diz que ele não tem muita conversa. Conversa! Valha-me Deus! Ele nunca fala. Há dias estive a tagarelar debaixo da ponte com um dos maquinistas, e ele deve ter-nos ouvido. Quando subi para entrar de quarto, ele sai da casa de navegação e lança uma lenta olhadela em toda a volta, espreita por cima dos faróis de borda, dá uma rápida vista de olhos à bússola, fita as estrelas com os olhos semicerrados. Isto é o seu comportamento habitual.

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Capa do livro Tufão
Páginas: 103
Página atual: 15

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 37
IV 49
V 72
VI 91