Mais fácil de dizer que de fazer. Eles não podiam adivinhar o que ia nas nossas cabeças. Nós entrámos... caímos de chofre no meio deles. Tivemos de fazer tudo de repente.
- O que importa é estar feito... - resmungou o capitão MacWhirr sem olhar sequer para Jukes. - Tínhamos de fazer o que era justo.
- Quando isto passar ainda vamos ter muito com que nos entreter - disse Jukes, sentindo-se muito irritado. - Deixe só que eles se restabeleçam um pouco e verá. Eles vão saltar-nos ao pescoço, sir. Não se esqueça, sir, isto agora já não é um navio britânico. E esses brutos sabem-no muito bem. A maldita bandeira siamesa.
- Seja como for, nós estamos a bordo - observou o capitão MacWhirr.
- O problema ainda não está resolvido - insistiu Jukes, profeticamente, cambaleando e agarrando-se. - O navio parece uma ruína - acrescentou ele, numa voz desfalecida.
- O problema ainda não está resolvido - concordou o capitão MacWhirr erguendo um pouco a voz. - Olhe por ele por um minuto.
- Vai sair da ponte, sir? - perguntou Jukes, ansiosamente, como se a tempestade fosse infalivelmente cair sobre ele tão depressa ficasse sozinho com o navio.
Pôs-se a olhar para ele, desmantelado e solitário, arfando pesadamente num cenário selvagem de montanhosas águas negras iluminadas por reverberações de mundos distantes. O Nan-Shan avançava lentamente, exalando para o centro imóvel do furacão o excesso da sua força numa nuvem branca de vapor - e a vibração surda do escape era como o toque de desafio de uma criatura marinha viva impaciente pelo recomeço do combate. Aquilo cessou subitamente. O ar imóvel gemia. Por cima da cabeça de Jukes um punhado de estrelas brilhou num buraco de vapores negros. A orla preta como tinta do disco de nuvens contemplava com severidade o navio debaixo do rasgão de céu claro.