Tufão - Cap. 5: V Pág. 83 / 103

As estrelas, também, pareciam olhar para ele intensamente, como se pela última vez, e o rosário do seu esplendor assentava como um diadema numa testa inclinada.

O capitão MacWhirr tinha ido à casa de navegação.

Não havia ali qualquer luz; mas ele sentia a desordem que reinava naquele lugar tão arrumado onde costumava viver. A sua cadeira de braços estava tombada. Os livros tinham caído para o chão: triturou um bocado de vidro debaixo da bota. Procurou fósforos e encontrou uma caixa numa prateleira com um rebordo alto. Riscou um e, franzindo os cantos dos olhos, aproximou a chamazinha do barómetro cuja cobertura reluzente de vidro e metais acenava para ele constantemente.

Estava muito baixo - incrivelmente baixo, tão baixo que o capitão MacWhirr resmungou. O fósforo apagou-se e ele apressou-se a tirar outro com dedos grossos, perros.

De novo uma chamazinha flamejou diante do vidro e do metal oscilante da cobertura do barómetro. Os olhos do capitão fitavam-no numa grande concentração, como se esperasse um sinal imperceptível. Com a sua face grave ele parecia um pagão torturado e infeliz queimando incenso diante da imagem de um ídolo. Não havia a mínima dúvida. Era a leitura mais baixa que ele jamais havia feito em toda a sua vida.

O capitão MacWhirr emitiu um assobio por entre os dentes. Esqueceu-se do fósforo até que a chama ficou reduzida a um tição azul, lhe queimou os dedos e apagou-se. Talvez o barómetro se tivesse avariado!

Havia um barómetro aneróide atarraxado por cima do beliche. O capitão voltou-se para lá, riscou mais um fósforo e descobriu a face branca do outro instrumento olhando para ele da antepara, significativamente, não admitindo contradição, como se a sabedoria do homem se tomasse infalível com a indiferença da matéria.





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