Os Lusíadas - Cap. 10: CANTO X Pág. 503 / 559

45 - ( Crueldade de Afonso de Albuquerque )
Mais estanças cantara esta Sirena
Em louvor do ilustríssimo Albuquerque,
Mas alembrou-lhe hüa ira que o condena,
Posto que a fama sua o mundo cerque.
O grande Capitão, que o fado ordena
Que com trabalhos glória eterna merque,
Mais há-de ser um brando companheiro
Pera os seus, que juiz cruel e inteiro.

 

46
Mas em tempo que fomes e asperezas,
Doenças, frechas e trovões ardentes,
A sazão e o lugar, fazem cruezas
Nos soldados a tudo obedientes,
Parece de selváticas brutezas,
De peitos inumanos e insolentes,
Dar extremo suplício pela culpa
Que a fraca humanidade e Amor desculpa.

 





Os capítulos deste livro