Capítulo 42: CAPÍTULO XLI - No qual o cativo continua a sua história.
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em que estávamos e quanto era preciso levar a cabo a empresa sem ser sentido, correu aonde estava Agi-Morato, e foram atrás dele alguns dos nossos; quanto a mim, entendi que não devia desamparar Zoraida, que caíra desmaiada sobre os meus braços. Finalmente, os que subiram de tal modo se houveram que num momento desceram, trazendo Agi-Morato com as mãos atadas e com um lenço na boca, de maneira que não podia proferir palavra, ameaçando-o ainda assim que lhe tirariam a vida se falasse. Quando a filha o avistou, cobriu os olhos para não o ver, e o pai ficou espantado, ignorando quanto ela de sua vontade se havia colocado nas nossas mãos; mas, sendo o mais necessário então a ligeireza dos pés, a toda a pressa nos fomos meter na barca, na qual os que nela estavam principiaram a recear que tivéssemos sido mal sucedidos. Apenas se teriam passado duas horas pela noite dentro, já todos nós estávamos na barca, e logo tiramos ao pai de Zoraida a atadura que lhe puséramos nas mãos e o lenço com que lhe tapáramos a boca; mas disse-lhe outra vez o renegado que lhe tiraríamos a vida, se proferisse uma só palavra. Como ele ali viu a filha, começou a suspirar com muita ternura e com muita mais ainda quando viu que eu estreitamente a apertava nos braços, sem que ela se defendesse, nem se esquivasse ou soltasse um queixume, antes ficando serena; mas tudo ele sofria calado para que o renegado não pusesse em execução as muitas ameaças que lhe havia feito. Vendo-se já na barca e observando que íamos começar a remar, e olhando para o pai e para os outros mouros que estavam amarrados, Zoraida disse ao renegado, para mo dizer a mim, que lhe fizesse eu a mercê de soltar aqueles mouros e pôr-lhe o pai em liberdade, pois que mais fácil lhe seria atirar-se ao mar do que ver diante dos olhos e por sua causa ser levado cativo um pai que tanto a tinha amado sempre.
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