Senti-me amargamente ferido.
- Essas palavras são indignas de si, Holmes. Vejo agora claramente em que estado se encontram os seus nervos. Mas se não tem confiança em mim, não lhe imporei os meus serviços. Deixe-me ir buscar Sir Jaspar Meek, ou Penrose Fisher, ou qualquer outro dos grandes médicos de Londres. Você tem de ser visto por alguém, seja por quem for, e daqui não saio. Se pensa que vou ficar à espera da sua morte sem o ajudar ou sem ir buscar ajuda, está muito enganado!
- Bem sei que as suas intenções são boas, Watson - disse o doente entre um soluço e um resmungo -, mas... terei de demonstrar a sua ignorância? Qll;e sabe você, por exemplo, acerca da febre Tapanuli? Que entende você da corrupção negra da Formosa?
- Nunca ouvi falar nem de uma nem de outra.
- Há muitas doenças, muitas possibilidades patológicas estranhas no Oriente, Watson. - Interrompia-se entre cada frase para recobrar as forças que lhe fugiam. - Aprendi muito em pesquisas recentes que possuíam um aspecto médico-criminoso. Foi no decurso dessas investigações que contraí esta doença. Você não pode fazer nada.
- Talvez não. Mas sei, por acaso, que o Dr. Ainstree, a maior autoridade do mundo em doenças tropicais, se encontra presentemente em Londres. Não adianta opor-se, Holmes; vou agora mesmo buscá-lo!
E virei-me; resoluto, para a porta.
Nunca na vida sofrera tal choque! Num instante, como se fosse uma mola, o moribundo interceptou-me. Ouvi o estalido metálico de uma chave rodando na fechadura.