Tinha a cabeça esmagada, o que pode ter sido provocado por uma queda do comboio. Só assim era possível que o corpo aparecesse na posição em que apareceu. Para o transportarem de uma rua vizinha teriam de ter passado pelas cancelas da estação, onde há sempre um fiscal de serviço. Sobre isto parece não haver dúvidas.
- Muito bem. O caso está suficiente definido. O homem, morto ou vivo, caiu ou foi atirado de um comboio. Até aí percebo eu. Continue.
- Os comboios que cruzam a linha ao lado da qual foi encontrado o corpo são os que correm de ocidente para oriente, uns exclusivamente urbanos, outros provenientes de Willesden e entroncamentos suburbanos. Não há dúvida de que o homem, quando encontrou a morte, viajava nesta direcção a uma hora tardia da noite. Impossível é saber em que ponto embarcou.
- Vê-se pelo bilhete, é óbvio.
- Não tinha o bilhete nos bolsos.
- Não tinha? Mas que estranho, Watson! Sei por experiencia que não se chega à plataforma do metropolitano sem mostrar o bilhete. O homem devia ter um. Ter-lho-iam roubado para que não se pudesse saber em que estação embarcara. É possível. Ou foi ele que o deitou fora na carruagem? Também é possível. Seja como for, trata-se de um pormenor curioso. Não havia sinais de roubo, pois não?
- Aparentemente, não. Há uma lista dos seus pertences: A bolsa continha duas libras e quinze e um livro de cheques da filial de Woolwich do Capital and Counties Bank. Foi por ele que descobriram a identidade do homem. Há também dois bilhetes de primeiro balcão para o Woolwich Theatre, para a mesma noite. E um maço de papéis relativos a questões técnicas.
Holmes soltou uma exclamação de contentamento.
- Finalmente, Watson! Governo britânico.