- Que é que sabe acerca deste caso? - perguntou finalmente, sem erguer o rosto.
- Vi-os juntos ontem à noite.
- Mais alguém sabe, para além do seu amigo?
- Não falei disso a ninguém.
O duque pegou numa caneta com a mão a tremer e abriu o livro de cheques.
- Cumprirei a minha palavra, Sr. Holmes. Vou passar-lhe o cheque, por mais desagradável que sejam para mim as informações que obteve. Quando ofereci a recompensa, mal sabia eu a volta que os acontecimentos tomariam. Mas o senhor e o seu amigo são pessoas discretas, não é verdade, Sr. Homes?
- Não compreendo o que Vossa Senhoria quer dizer com isso.
- Falarei com total franqueza, Sr. Holmes. Só os senhores é que sabem deste incidente e não há razões para que ele seja divulgado. Devo-lhes doze mil libras, não é verdade? - Mas Holmes sorriu e abanou a cabeça.
- Receio que o assunto não se possa resolver de uma forma tão simples, Vossa Senhoria. Alguém terá de responder pela morte do professor.
- Mas James não sabia nada acerca disso. Não o podem responsabilizar por essa morte. Isso foi obra do selvagem rufião que ele teve a infelicidade de contratar.
- A minha posição é que quando um homem embarca num crime como este, é moralmente responsável por qualquer outro crime que dele derive.
- Moralmente, Sr. Holmes. Tem, indubitavelmente, razão. Mas certamente não aos olhos da lei. Um homem não pode ser condenado por um assassínio ao qual não esteve presente e que recusa e lhe repugna tanto como ao senhor. No instante em que teve conhecimento dele, confessou-me todos os seus actos, pois estava cheio de horror e de remorsos.