O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 6: A Aventura de Black Peter Pág. 165 / 363

Passava das onze da noite quando montámos a nossa pequena emboscada. Hopkins era a favor de deixarmos a porta da cabana aberta, mas Holmes foi de opinião de que isso levantaria suspeitas ao estranho. A fechadura da porta era extremamente simples e bastava um lâmina forte para empurrar para trás o canhão. Holmes também sugeriu que devíamos esperar não dentro da cabana, mas sim no exterior, escondidos no meio dos arbustos que cresciam junto à janela mais afastada da porta. Desta forma, podíamos observar o nosso homem se ele acendesse uma luz, vendo assim qual o objectivo da sua furtiva visita nocturna.

Foi uma longa e melancólica vigília e, no entanto, sentimos a emoção que invade o caçador quando se esconde junto ao poço de água e aguarda a chegada da presa sedenta. Qual seria a criatura selvagem que apareceria furtivamente no meio da escuridão? Seria um feroz tigre do crime que só poderia ser apanhado com uma encarniçada luta de garras e mandíbulas ou, pelo contrário, um chacal cobarde, perigoso apenas para os fracos ou os desprevenidos?

Agachámo-nos em silêncio absoluto no meio dos arbustos, esperando o que aparecesse. De início, os passos de algumas pessoas da aldeia, que regressavam já tarde, ou o som de vozes vindo da aldeia animaram a nossa vigília, mas, uma a uma, estas interrupções cessaram e uma quietude absoluta envolveu-nos, ouvindo-se apenas o carrilhão de uma igreja distante que ia assinalando o avanço da noite e o murmúrio da chuva branda que caía sobre a folhagem que nos abrigava.

Tinham soado as duas e meia da madrugada, a hora mais escura que precede o alvorecer, quando fomos surpreendidos por um som metálico abafado, mas bem claro, vindo da direcção do portão.





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