O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 7: As Aventuras de Charles Augustus Milverton Pág. 196 / 363

- Sou eu - disse ela - a mulher cuja vida o senhor arruinou.

Milverton riu-se, mas a voz vibrava-lhe de medo.

- Foi muito obstinada – disse. - Por que é que me obrigou a ir a extremos? Garanto-lhe que por mim não faria mal a uma mosca, mas todos os homens têm os seus negócios... e que é que eu podia fazer? O preço que estabeleci estava dentro das suas posses. A senhora é que não quis pagar.

- Portanto, mandou as cartas ao meu marido, e ele... o cavalheiro mais nobre que alguma vez viveu, um homem cujas botas eu não sou digna de apertar... ficou com o coração desfeito e morreu. Lembra-se daquela noite em que eu entrei por aquela porta e lhe implorei misericórdia e o senhor se riu na minha cara, como agora tenta rir-se? Só que o seu coração cobarde não consegue impedir que os seus lábios tremam. Sim, nunca pensou voltar a ver-me aqui, mas foi nessa noite que aprendi como é que o podia voltar a encontrar cara a cara e sozinho. Então, Charles Milverton, que é que tem a dizer?

- Não pense que me intimida - disse ele, levantando-se. - Basta-me levantar a voz, chamar os meus criados e mandá-la prender. Mas faço-lhe uma concessão devido à sua natural perturbação. Saia da sala por onde entrou e não falaremos mais nisso.

A mulher tinha a mão entre os seios e o mesmo sorriso mortífero nos lábios.

- Não voltará a arruinar outras vidas como arruinou a minha. Não destroçará mais corações como destroçou o meu. Livrarei o mundo de uma coisa venenosa. Tome isto, seu cão... e isto,... e isto!,... e isto!...

Tinha empunhado um pequeno revólver e esvaziara o tambor no corpo de Milverton, com o cano a menos de meio metro do peitilho da sua camisa. Ele recuou ligeiramente e, depois, caiu sobre a secretária, tossindo violentamente e enclavinhando as mãos nos papéis.





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