Depois, pôs-se de pé, cambaleou, recebeu nova bala e rolou para o chão.
- Deu cabo de mim - exclamou, ficando depois imóvel. A mulher olhou para ele intensamente e pisou-lhe a cara com o calcanhar, com força. Voltou a olhar, mas não se verificou qualquer movimento ou som. Ouvi uma rostilhada viva, o ar da noite entrou na sala aquecida e a vingadora desapareceu.
Nenhuma interferência da nossa parte teria salvo o homem do seu destino, mas, enquanto a mulher crivava o corpo de Milverton de balas, eu estive quase a saltar, mas senti a mão fria e forte de Holmes no meu pulso. Percebi a razão por que me impedia, agarrando-me com tanta firmeza - o caso não nos diz respeito, a justiça apanhou um vilão e nós temos os nossos próprios deveres e os nossos próprios objectivos que não devemos perder de vista. Mas a mulher mal saíra da sala quando Holmes, com passos rápidos e silenciosos, se dirigiu para a outra porta. Rodou a chave na fechadura. Nesse mesmo instante, ouvimos vozes na casa e o som de passos apressados. Os tiros do revólver tinham acordado os criados. Com espantosa frieza, Holmes foi ao cofre, encheu os braços com maços de cartas e deitou-os na lareira. Voltou a fazer o mesmo várias vezes até o cofre estar vazio. Alguém rodou a maçaneta da porta e começou a bater. Holmes olhou rapidamente em volta. A carta que fora a mensageira da morte de Milverton estava em cima da mesa, manchada de sangue. Holmes atirou-a para o meio dos papéis que ardiam. Depois, tirou a chave da porta exterior, saiu depois de mim e fechou-a por fora.
- Por aqui, Watson - disse -, podemos saltar por cima do muro do jardim nesta direcção.
Não podia imaginar que o alarme fosse dado tão rapidamente.
