Holmes ouviu educadamente estas informações, muitas das quais já eram do seu conhecimento mas eu, que o conhecia tão bem, via claramente que estava a pensar noutra coisa e detectei um misto de mal-estar e expectativa sob a máscara que assumia. Finalmente, endireitou-se na cadeira e os seus olhos começaram a brilhar. Tinham tocado à campainha. Minutos depois, ouvimos passos nas escadas e um homem idoso, de rosto avermelhado, com suíças brancas; entrou na sala. Trazia na mão uma maleta antiga, de tecido grosso, que colocou em cima da mesa.
- O Sr. Sherlock Holmes está aqui?
O meu amigo fez uma ligeira vénia e sorriu.
- Sr. Sandeford, de Reading, presumo! - disse.
- Sim, lamento ter-me atrasado, mas os comboios não andam pontuais. O senhor escreveu-me acerca de um busto que possuo.
- Exactamente. - Tenho aqui a sua carta. O senhor diz «Desejo possuir uma cópia do busto de Napoleão por Devine e estou na disposição de lhe pagar dez libras por aquele que o senhor tem.» Confirma?
- Com certeza.
- Fiquei muito surpreendido com a sua carta, pois não consegui perceber como é que soube que eu tinha tal coisa.
- Claro que deve ter ficado surpreendido, mas a explicação é muito simples: O Sr. Harding, da firma Harding Brothers, disse-me que lhe tinha vendido o último exemplar e deu-me a sua morada.
- Ah, então foi assim que soube. Ele disse-lhe quanto é que eu paguei pelo busto?
- Não, não disse.
- Bom, eu sou um homem honesto, embora não seja rico. Só paguei quinze xelins pelo busto e acho que o deve saber antes de eu aceitar as suas dez libras.
- Esse escrúpulo só o dignifica, Sr. Sandeford, mas fiz o meu preço e tenciono honrá-lo.
- É muito simpático da sua parte, Sr.