O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 8: A Aventura dos Seis Napoleões Pág. 223 / 363

Holmes. Trouxe comigo o busto, conforme me pediu. Aqui está! - Abriu a maleta e vimos finalmente sobre a nossa mesa um exemplar intacto do busto que mais de uma vez tínhamos visto em cacos.

Holmes tirou um papel da algibeira e colocou uma nota de dez libras em cima da mesa.

-Se não se importa, assina esse papel na presença destas testemunhas, Sr. Sandeford. Diz simplesmente que transfere todos e quaisquer direitos que tinha em relação ao busto para mim. Sou um homem metódico sabe, e nunca se sabe as voltas que a vida dá. Obrigado, Sr. Sandeford; aqui está o seu dinheiro. Muito boa tarde.

Depois de o nosso visitante sair, os movimentos de Sherlock Holmes foram tais que atraíram vivamente a nossa atenção. Começou por tirar um pano branco limpo de uma gaveta, estendendo-o sobre a mesa. Depois, colocou o busto recém-comprado no centro do pano. Finalmente, pegou no pingalim e deu uma forte pancada no cimo da cabeça de Napoleão. A figura partiu-se em pedaços e Holmes inclinou-se cheio de entusiasmo sobre os cacos. No instante seguinte e com um grito de triunfo, ergueu um pedaço de gesso no qual estava metido, como uma ameixa num pudim, um objecto redondo e escuro.

- Meus senhores - exclamou -, permitam-me que lhes apresente a famosa pérola negra dos Bórgias.

Lestrade e eu ficámos em silêncio durante momentos para, em seguida, num impulso espontâneo, desatar a bater palmas, como no final de uma peça bem representada. A face pálida de Holmes tingiu-se de um leve rubor enquanto se curvava numa vénia, como um realizador teatral que recebe as homenagens do público. Era em momentos como aquele que, por instantes, Holmes deixava de ser uma máquina de raciocínio e traía o seu apreço humano pela admiração e aplauso.





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