- Então descreverei, em traços largos, o carácter dos três estudantes que vivem nestes aposentos. O que vive no andar de baixo é o Gilchrist, um óptimo aluno e atleta. Joga na equipa de rugby e na equipa de críquete e detém o recorde da prova de barreiras e do salto em comprimento. É um tipo viril e honrado. O seu pai era Sir Jabez Gilchrist, que perdeu a fortuna nas apostas de cavalos. O meu aluno ficou numa má situação financeira, mas é trabalhador e interessado. Obterá bons resultados.
»O segundo andar é ocupado por Daulat Ras, o indiano. É um tipo calado e impenetrável, como a maioria dos indianos. Tem boas notas, embora seja fraco em grego. É um aluno regular e metódico.
»O último andar pertence a Miles McLaren. É um aluno brilhante quando decide estudar… um dos cérebros mais inteligentes da Universidade. Mas é indisciplinado, decadente e sem princípios. Quase foi expulso devido a um escândalo à volta de um jogo de cartas no primeiro ano. Durante todo este período não tem estudado e deve estar a temer o exame.
- Então é dele que suspeita?
- Não ouso ir tão longe. Mas, dos três, é talvez ele o menos improvável de ser culpado.
- Exactamente. Agora, Sr. Soames, iremos falar com o seu criado, o Bannister.
O criado era um homem pequeno, pálido, de rosto rapado, com cabelos crespos, e que teria uns cinquenta anos. Ainda estava sob o efeito da perturbação na calma rotina da sua vida. O seu rosto redondo contraia-se nervosamente e não conseguia manter os dedos quietos.
- Estamos a investigar esta questão desagradável, Bannister - disse o professor.
- Sim, senhor.
- Soube que deixou a sua chave na porta - disse Holmes. - Não foi extraordinário que isso acontecesse no próprio dia em que os papeis cá estavam?
- Foi um grande azar, senhor.