»Entrei, fiz-lhe confidências sobre os indícios que a mesa pequena apresentava. Não vi nada na secretária principal até que, na sua descrição de Gilchrist, mencionou que fazia salto em comprimento. Depois tudo me ocorreu num instante, e apenas precisava de provas corroborativas, as quais obtive rapidamente.
»O que aconteceu foi o seguinte: este jovem passara a tarde no campo de jogos, onde treinou salto em comprimento. Regressou, trazendo consigo os sapatos de salto que têm, como sabe, vários espigões afiados. Ao passar pela sua janela viu, devido à sua grande altura, as provas tipográficas em cima da secretária e percebeu de que eram. Não teria acontecido nada de mal se, ao passar pela sua porta, não tivesse visto a chave que, por descuido, o criado deixou na porta. Teve um súbito impulso para entrar e ver se se tratava, de facto, das provas tipográficas. Não era uma acção perigosa, pois podia sempre fingir que entrara para lhe fazer uma pergunta.
»Bom, quando viu que eram de facto as provas, foi nessa altura que cedeu à tentação. Pôs os sapatos em cima da mesa. Que é que pôs em cima da cadeira junto à janela?
- As minhas luvas - disse o jovem.
Holmes olhou triunfantemente para Bannister.
- Pôs as luvas em cima da cadeira e levou as provas tipográficas, folha a folha, para as copiar. Pensou que o professor regressaria pelo portão principal e que o veria chegar. Como sabemos, entrou pelo portão lateral. Subitamente, ouviu-o à porta. Não tinha forma de fuga. Esqueceu-se das luvas, mas pegou nos sapatos e correu para o quarto. Verá que o arranhão na mesa é muito ligeiro de um dos lados, mas que se torna mais fundo na direcção da porta do quarto. Só isso basta para indicar que os sapatos foram puxados nessa direcção e que o culpado se refugiara ali.