Mesmo sem conhecer o seu brilhante currículo, não pude deixar de ficar impressionado com o homem logo à primeira vista. Tinha um rosto grande e quadrado, olhos sombriamente atentos sob umas sobrancelhas espessas e um queixo inflexível que parecia talhado em granito. Era um homem de sólido carácter, com um espírito vivo, sombrio, ascético, com um perfeito autodomínio - um homem formidável. Foi assim que defini o Dr. Leslie Armstrong. Tinha o cartão de visita do meu amigo na mão e olhou-nos com uma expressão de pouco agrado.
-Já ouvi falar do seu nome, Sr. Sherlock Holmes, e sei qual é a sua profissão... a qual, de forma alguma, merece a minha aprovação.
- Quanto a isso, doutor, todos criminosos deste país concordarão consigo - disse o meu amigo calmamente.
- Enquanto os seus esforços se dirigem no sentido da supressão do crime, deverão ter o apoio de qualquer membro sensato da comunidade, embora eu não tenha qualquer dúvida de que os organismos oficiais cheguem plenamente para esse fim. A sua actuação torna-se censurável quando devassa os segredos de indivíduos privados, quando põe a nu assuntos de família que seria melhor que permanecessem em segredo e quando ocasionalmente faz perder tempo a pessoas que têm menos disponibilidade de tempo que o senhor Por exemplo, neste momento, eu devia estar a escrever um tratado em vez de estar a conversar consigo.
-Sem dúvida, doutor; e no entanto esta conversa pode ser mais importante que o seu tratado. A propósito, posso dizer-lhe que estamos a fazer precisamente o contrário daquilo que o senhor muito justamente condena, e que estamos a tentar impedir a revelação pública de assuntos privados que necessariamente aconteceria se o caso fosse posto nas mãos da polícia.
