Aposto que o vestido preto tem uma marca igual a esta. Ainda não deparámos com o nosso Waterloo, mas isto é o nosso Marengo, pois começa por uma derrota e termina numa vitória. Agora, gostaria de falar com a ama, com Theresa. Temos de ter muito cuidado por enquanto, se quisermos obter as informações de que precisamos.
Era uma pessoa interessante, aquela austera ama australiana - taciturna, desconfiada, pouco graciosa, e Holmes demorou algum tempo até que os seus modos agradáveis e franca aceitação de tudo quanto ela dizia a levassem a ter uma atitude de igual amabilidade. Não tentou esconder o seu ódio pelo falecido patrão.
- Sim, senhor, é verdade que me atirou uma garrafa. Ouvi-o chamar um nome à minha senhora e disse-lhe que ele não ousaria falar-lhe daquela forma se o irmão dela cá estivesse. Foi nessa altura que ele me atirou a garrafa. Podia atirar-me uma dúzia de garrafas se isso fizesse que deixasse a minha querida menina em paz. Maltratava-a constantemente, e ela é demasiado orgulhosa para se queixar. Nem a mim me dizia tudo o que ele lhe fazia. Não me falou naquelas marcas que o senhor lhe viu nos braços esta manhã, mas sei muito bem que foram feitas com um alfinete de chapéu. Era um demónio bem astuto... Deus me perdoe por falar dele assim, agora que morreu! Mas era um demónio, se é que há demónios na terra. Quando o conhecemos, todo ele era doçura... e isto apenas há dezoito meses, embora ambas sintamos como se tivesse lido há dezoitos anos. Ela tinha acabado de chegar a Londres. Sim, foi a sua primeira viagem... nunca se ausentara de casa até essa altura. Ele conquistou-a com o seu título e fortuna com os seus falsos modos londrinos. Se ela cometeu um erro, pagou bem por ele.