O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 12: A Aventura de Abbey Grange Pág. 326 / 363

Tinha passos ligeiros que mostravam que a sua enorme estrutura física era tão activa como forte. Fechou a porta atrás de si e ficou de pé, com as mãos cerradas e respiração ofegante, tentando dominar uma emoção avassaladora.

- Sente-se, capitão Crocker. Recebeu o meu telegrama?

O nosso visitante deixou-se cair num cadeirão e olhou primeiro para um, depois para o outro, com uma expressão interrogadora.

- Recebi o seu telegrama e cheguei à hora marcada por si. Sei que foi aos escritórios da companhia. Não podia fugir de si. Estou pronto para o pior. Que é que vai fazer? Prender-me? Fale, homem! Não pode ficar aí sentado a brincar ao gato e ao rato comigo.

- Dê-lhe um charuto - disse Holmes. - Morda nisso, capitão Crocker, e não deixe que os seus nervos o denunciem. Eu não estaria aqui a fumar consigo se pensasse que era um criminoso comum, disso pode estar certo. Seja franco comigo e talvez isso reverta a seu favor. Pregue-me alguma rasteira e eu esmagá-lo-ei.

- Que é que quer que eu faça?

- Que me diga a verdade sobre o que se passou em Abbey Grange! ontem à noite... a verdade, note bem, sem pôr nem tirar nada. Já sei tanto que, se se desviar um centímetro que seja da verdade, usarei este apito de polícia à janela e o assunto deixa em absoluto de estar nas minhas mãos.

O marinheiro pensou durante alguns instantes. Depois deu uma palmada na perna com a sua grande mão bronzeada.

- Correrei o risco - exclamou. - Penso que é um homem de palavra e um homem decente, portanto contar-lhe-ei toda a história. Mas primeiro quero dizer-lhe uma coisa. No que me diz respeito, não lamento nada, não temo nada e voltaria a fazer exactamente o mesmo e a ter orgulho nisso.





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