O outro; moreno, atraente e elegante, acabado de entrar na meia-idade e dotado de uma grande beleza física e espiritual, era Sua Excelência Trelawney Hope, secretário de Estado para os Assuntos Europeus, um dos estadistas que mais se destacavam na cena política. Sentaram-se um ao lado do outro no sofá cheio de papéis e era fácil de perceber pela sua expressão tensa e ansiosa que o assunto que ali os levara era da maior gravidade. As mãos finas e com uma rede de veias azuladas do primeiro-ministro agarravam com força o cabo de marfim do seu chapéu de chuva e o seu rosto magro e ascético fitava alternada e sombriamente Holmes e eu. O secretário de Estado para os Assuntos Europeus puxava nervosamente o bigode e mexia no fecho da corrente do relógio.
- Quando descobri a minha perda, Sr. Holmes, o que aconteceu às oito horas desta manhã; informei imediatamente o primeiro-ministro. Ele sugeriu que viéssemos ambos falar consigo.
- Já informaram a polícia?
- Não - disse o primeiro-ministro, da forma rápida e decisiva pela qual era famoso. - Não o fizemos nem é possível fazê-lo. Informar a polícia significa, com o correr do tempo, informar o público. E é exactamente isso que pretendemos evitar.
- E porquê?
- Porque o documento em causa é de tal importância que a sua publicação poderia muito facilmente... diria mesmo, muito provavelmente... originar complicações europeias da maior gravidade Não exagero se disser que a paz ou a guerra dependem desse documento. A menos que possa ser recuperado em total segredo, melhor será nunca vir a ser encontrado, pois o único objectivo daqueles que o roubaram é que o seu conteúdo venha a ser do conhecimento público.
- Compreendo, Sr.