- Posso fazê-lo em poucas palavras, Sr. Holmes. A carta... pois trata-se de uma carta de um potentado estrangeiro... foi recebida há seis dias. Era de tal forma importante que nem sequer a deixei no meu cofre, levando-a comigo para casa, em Whitehall Terrace, guardando-a no meu quarto numa caixa de transporte de documentos. Estava lá ontem à noite. Tenho a certeza absoluta. Quando me fui vestir para jantar, abri a caixa e vi lá o documento. Essa manhã, tinha desaparecido. A caixa ficou ao pé do espelho da cómoda durante toda a noite. Tenho o sono leve e a minha mulher também. Estamos ambos prontos a jurar que não entrou ninguém no quarto durante a noite. E, no entanto, repito, o documento desapareceu.
- A que horas é que jantou?
- Às sete e meia.
- Quanto tempo se demorou a ir-se deitar?
- A minha mulher tinha ido ao teatro. Esperei por ela. Só fomos para o quarto às onze e meia.
- Então, durante essas quatro horas, a caixa não foi vigiada? - Ninguém tem autorização para entrar no nosso quarto, excepto a criada de manhã, e o meu criado e a criada pessoal de minha mulher durante o resto do dia. São ambos criados de confiança que lá estão connosco há bastante tempo. Além disso, nem um nem outro tinham forma de saber que a caixa continha um documento de maior importância que os documentos de serviço que habitualmente aí guardo.
- Quem é que sabia da existência dessa carta?
- Na minha casa, ninguém.
- Decerto que a sua mulher sabia?
- Não, Sr. Holmes. Não disse nada acerca do documento à minha mulher até dar pela sua falta, esta manhã.