Querendo dar-lhes as boas-noites, a mãe tentara entrar na sala do filho. A porta estava fechada à chave pelo lado de dentro e ele não respondeu ao chamamento ou às pancadas na porta. Fora pedida ajuda e a porta arrombada. Encontraram o desventurado jovem morto, perto da mesa. A sua cabeça fora horrivelmente mutilada por uma bala de revólver, mas não foi encontrado qualquer tipo de arma na sala. Em cima da mesa estavam duas notas de dez libras e dezassete libras e dez xelins em prata e ouro, dispostos em pilhas de várias quantias. Havia também uma folha de papel com alguns números e nomes de amigos seus do clube à frente dos números, a partir do qual foi feita a conjectura de que, antes de morrer, ele estaria a contabilizar os seus ganhos e perdas relativos ao Jogo.
Um exame minucioso das circunstâncias apenas serviu para tornar o caso ainda mais complexo. Em primeiro lugar, não se descortinava qualquer razão para o jovem se ter fechado à chave por dentro. Havia a possibilidade de ter sido o assassino a fazê-lo, fugindo depois pela janela. No entanto, a altura até ao chão era de pelo menos seis metros e por baixo da janela havia um canteiro de crocos em flor. Nem as flores nem a terra mostravam quaisquer indícios de terem sido pisados, não havendo, igualmente, quaisquer marcas na estreita faixa de relva que separava a casa da rua. Assim, aparentemente, tinha sido o jovem a fechar a porta à chave. Como é que morrera? Ninguém podia ter entrado pela janela sem deixar vestígios. Supondo que alguém teria disparado através da janela, esse homem teria de ter uma extraordinária pontaria com um revólver para infligir tão mortal ferimento. Por outro lado, Park Lane era uma rua com bastante movimento; a cerca de cem metros da casa havia uma praça de táxis.
