Pensei durante todo o dia nestes factos, procurando encontrar qualquer teoria que conciliasse todos eles e descobrir a linha de menor resistência que o meu pobre amigo declarara ser o ponto de partida para qualquer investigação. Confesso que fiz poucos progressos. À tarde, ao passar na zona de Park, dei por mim cerca das, seis horas no cruzamento de Oxford Street com Park Lane. Um grupo de mirones que estava no passeio a olhar para uma determinada janela deu-me a indicação da casa que pretendia ver. Um homem alto e magro, com óculos escuros, que suspeitei que fosse um detective a paisana. Estava a expor a sua própria teoria, enquanto os outros se juntavam à sua volta para ouvir o que ele estava a dizer. Aproximei-me dele tanto quanto pude, mas as suas observações pareceram-me tão absurdas que me afastei aborrecido. Ao fazê-lo, fui de encontro a um homem idoso e deformado que estava atrás de mim, fazendo que ele deixasse cair vários livros que tinha na mão. Lembro-me de que, ao apanhá-los, vi o título de um deles The Origin of Tree Worship, e pensei que o tipo devia ser um pobre bibliófilo que, por profissão ou passatempo, era coleccionador de obras obscuras. Tentei pedir-lhe desculpa pelo acidente, mas era evidente que aqueles livros que eu desastrosamente maltratara eram objectos extremamente preciosos aos olhos do seu dono.