O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 1: A Aventura da Casa Vazia Pág. 5 / 363

Ninguém tinha ouvido o tiro. E, no entanto, ali estava o jovem morto, ali estava a bala de revólver, que abrira como uma flor como acontece com as balas de cabeça dúctil, lendo provocado um ferimento e causando, sem dúvida, morte imediata. Eram estas as circunstâncias do mistério de Park Lane, agravadas pela inexistência absoluta de motivo, pois, como já afirmei, ao jovem Adair não se lhe conheciam inimigos e não fora feita qualquer tentativa para tirar o dinheiro ou os valores existentes na sala.

Pensei durante todo o dia nestes factos, procurando encontrar qualquer teoria que conciliasse todos eles e descobrir a linha de menor resistência que o meu pobre amigo declarara ser o ponto de partida para qualquer investigação. Confesso que fiz poucos progressos. À tarde, ao passar na zona de Park, dei por mim cerca das, seis horas no cruzamento de Oxford Street com Park Lane. Um grupo de mirones que estava no passeio a olhar para uma determinada janela deu-me a indicação da casa que pretendia ver. Um homem alto e magro, com óculos escuros, que suspeitei que fosse um detective a paisana. Estava a expor a sua própria teoria, enquanto os outros se juntavam à sua volta para ouvir o que ele estava a dizer. Aproximei-me dele tanto quanto pude, mas as suas observações pareceram-me tão absurdas que me afastei aborrecido. Ao fazê-lo, fui de encontro a um homem idoso e deformado que estava atrás de mim, fazendo que ele deixasse cair vários livros que tinha na mão. Lembro-me de que, ao apanhá-los, vi o título de um deles The Origin of Tree Worship, e pensei que o tipo devia ser um pobre bibliófilo que, por profissão ou passatempo, era coleccionador de obras obscuras. Tentei pedir-lhe desculpa pelo acidente, mas era evidente que aqueles livros que eu desastrosamente maltratara eram objectos extremamente preciosos aos olhos do seu dono.





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