Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: Capítulo 2

Página 40
disputa, secundem os direitos reais. E mais, deverá chamá-los ao palácio e ordenar-lhes que discutam na sua presença os assuntos do seu interesse, pois, por mais injusta que a causa real seja, nenhum deles se atreverá a recusá-la ou a opor-se a ela, e por espírito de contradição, ou por recear repetir o que já fora dito, ou para cair nas boas graças do príncipe, não deixará de descobrir um novo argumento para derrotar os adversários. Assim, se os juízes discutirem entre si, raciocinando e argumentando sobre um assunto, de si tão claro, pondo em discussão a verdade, permitirão que o rei aproveite a ocasião oportuna para interpretar a lei a seu favor, fazendo que todos os outros concordem com ele, por vergonha ou por receio. Deste modo proferirão a sentença a favor do rei, já sem qualquer escrúpulo, pois o juiz que o fizer tem todas as desculpas e argumentos, já que tem do seu lado a justiça, o texto da lei e, o que é mais (pois para um juiz dedicado e justo isto está acima de todas as leis), as indiscutíveis prerrogativas reais.

«Em conclusão, todos os conselheiros concordam unanimemente com o rico Crasso", que não há nunca dinheiro bastante para um príncipe que tem de manter um exército. Mais ainda, que um rei, embora o deseje, nunca pode proceder injustamente. Ele possui os bens e pessoas de todos os seus súbditos. E que cada um deles apenas possui o que ao príncipe agradar deixar na sua posse. E que o melhor para o rei será que os seus súbditos pouco ou nada possuam, pois que a riqueza e a liberdade exacerbam a insubordinação do povo, pois que a sua posse leva os homens à desobediência de ordens cruéis, injustas e ilegais.

<< Página Anterior

pág. 40 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Utopia
Páginas: 133
Página atual: 40

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 8
Capítulo 3 51