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Capítulo 3: Capítulo 3

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modo para com a comunidade é o dever de cada um, se se possuir alguma afeição ou respeitoso amor, ou natural zelo pela pátria. Mas, impedir o prazer de outrem para procurar o próprio, é uma injustiça flagrante.

Em contrapartida, privar-se a si próprio de algo, para dá-lo a outrem, é um dever de humanidade e nobreza de coração. Pois recebe-se sempre em troca mais do que aquilo que se sacrificou, já que tal acção é sempre recompensada com benefícios. Além disso, a consciência de ter procedido bem, a lembrança do reconhecimento daqueles a que se fez o bem, traz muito mais prazer à alma que o corpo teria tido se não o tivesse feito. Enfim (e, para uma alma religiosa e inclinada ao bem, isto é fácil de compreender), Deus recompensa a dádiva de um prazer breve e fugaz com uma alegria imensa e eterna.

Assim, e em última análise, pensam que todas as nossas acções e mesmo as nossas virtudes estão intimamente ligadas ao prazer, como seu fim e felicidade. Chamam prazer a todo o movimento ou estado de corpo ou de espírito em que o homem experimenta um deleite natural. Relacionam o prazer com a natureza e não sem razão. Pois não só os sentidos, como também a razão, cobiçam tudo o que é naturalmente agradável e que possa ser conseguido sem injustiça ou erro, sem impedir um prazer maior ou que não acarrete consigo esforço doloroso.

No entanto, as coisas contra a natureza que os homens, levados pela louca imaginação, pensam serem prazeres, consideram-nas eles um obstáculo e não um contributo para a felicidade, quando se apoderam de alguém, obcecando o seu espírito com uma falsa ideia do prazer, não deixando lugar algum para o prazer natural e verdadeiro.

Há, com efeito, muitas coisas na natureza que em si nada têm de agradável e, pelo contrário, só provocam, na sua maioria,

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Capa do livro A Utopia
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