Devo lembrar que sempre lhe dera a entender, como aliás a toda a gente, que tinha uma grande fortuna, ou, pelo menos, três ou quatro mil libras, todas nas minhas mãos. A verdade é que se mostrou encantada quando me julgou inclinada a ir viver para a sua terra. Disse-me que tinha uma irmã a viver em Liverpool, assim como um irmão que era lá muito considerado e possuía também uma grande propriedade na Irlanda, que tencionava regressar dentro de dois meses e que, se quisesse honrá-la com a minha companhia, seria tão bem recebida como ela, durante um mês ou o tempo que quisesse, para ver se gostava da região. Se me agradasse ficar, estava certa de que, embora não recebessem hóspedes, os irmãos me recomenda- riam uma família respeitável, onde poderia instalar-me a contento.
Se esta mulher soubesse as verdadeiras circunstâncias em que me encontrava, não teria estendido tantas armadilhas nem tido tanto trabalho para apanhar uma pobre e desolada criatura que, afinal, pouco valia. E eu, cujo caso era quase desesperado e que pensava não poder encontrar-me em situação muito pior, não me importava muito com o que viesse a acontecer-me, desde que não me infligissem nenhum dano pessoal.