Homenagem à Catalunha - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 124 / 193

Sempre podiam fazê-lo, e o efeito seria decisivo na guerra. Mas continuaram lutando, e foi pouco depois do P.O.U.M. ser suprimido como partido político, quando o fato estava ainda bem fresco na memória de todos, que a milícia - ainda não redistribuída pelas unidades do Exército Popular - participou no ataque desastroso à parte oriental de Huesca, quando diversos milhares de homens foram mortos em questão de um ou dois dias. Era de se esperar, pelo menos, que existisse uma confraternização com o inimigo, e um gotejamento constante de desertores. Mas, como disse antes, o número de deserções se mostrava excecionalmente baixo, Também seria de esperar propaganda pró-fascista, "derrotismo" e assim por diante, Mas não se percebia qualquer sinal dessas coisas, Está claro que deviam haver espiões fascistas e agents provocateurs no P.O.U.M., pois estavam plantados em todos os partidos esquerdistas, mas não se encontram indicações de que ali seu número fosse maior do que em outras partes.

É verdade que alguns ataques da imprensa comunista afirmavam, de modo bastante relutante, que apenas os dirigentes do P.O.U.M. estavam a soldo dos fascistas, e não os membros comuns. Mas isso constituía apenas uma tentativa de separar os mesmos. A natureza das acusações implicava em que os membros comuns, milicianos e assim por diante, estavam todos envolvidos na trama, pois tornava-se óbvio que se Nin, Gorkin e os demais estivessem, realmente, a soldo do inimigo, seria mais provável que isso fosse sabido pelos seguidores, gente em contato permanente com eles, do que pelos jornalistas situados em Londres, Paris e New York, E seja lá como for, quando o P.O.U.M. foi suprimido a policia secreta controlada pelos comunistas agiu na suposição de que todos tinham culpa igual, e prendeu todos que estivessem ligados ao P.O.U.M. e que pudesse apanhar, inclusive os feridos, enfermeiras de hospital, esposas de membros do P.O.U.M. e, em alguns casos, até crianças.

Em 15-16 de junho, finalmente, o P.O.U.M. era suprimido e declarado organização ilegal. Foi um dos primeiros atos do Governo Negrín, que tomou posse em maio. Quando a Comissão Executiva do P.O.U.M. já estava presa, a imprensa comunista saiu-se com o que pretendia ser a descoberta de uma enorme trama fascista. Durante algum tempo, em todo o mundo, chamejou com essa história. O Daily Worker de 21 de junho resumia diversos jornais comunistas espanhóis, e afirmava o seguinte:

TROTSKISTAS ESPANHÓIS CONSPIRAM COM FRANCO





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