Homenagem à Catalunha - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 51 / 193

Certa tarde Benjamim informou que precisava de quinze voluntários O ataque ao reduto fascista, que fora cancelado anteriormente, deveria ser desfechado aquela noite. Oleei meus dez cartuchos mexicanos, sujei a baioneta (esses objetos denunciam a posição de quem os carrega, se brilharem demais) e embrulhei um pedaço de pão, meio palmo de linguiça vermelha e um charuto que minha mulher mandara de Barcelona e que eu guardava fazia bastante tempo. Foram distribuídas bombas, três a cada homem. O Governo espanhol finalmente conseguira produzir uma bomba decente. Funcionava de acordo com o mesmo princípio da bomba Millis, mas tinha dois pinos ao invés de um. Depois de se tirar os dois pinos, vinha o intervalo de sete segundos para a bomba explodir. Sua desvantagem maior estava em que um dos pinos era bem duro, o outro bem frouxo, de modo que era possível deixar ambos no lugar e ficar sem poder arrancar o durão num momento de emergência, ou então tirálo antecipadamente e ficar a pisar em ovos todo o tempo, com um medo desgraçado de que aquela porcaria explodisse no bolso. Mas era uma bombinha bastante boa para jogar.

Pouco antes da meia-noite Benjamin nos dirigiu até Torre Fabián. Desde o anoitecer a chuva não cessara de cair, e as valas de irrigação estavam cheias, e todas as vezes que se pisava numa mergulhava-se na água até a cintura. Naquela escuridão e cortina de chuva, havia um grupo de homens esperando no terreiro da fazenda. Kopp nos fez um discurso, o primeiro em espanhol e depois em inglês, explicando o plano de ataque. Naquele ponto a linha fascista fazia uma curva igual a um "L", e o parapeito que devíamos atacar estava no terreno ascendente na quina desse "L". Perto de trinta homens, metade ingleses e metade espanhóis, sob comando de Jorge Roca, comandante de nosso batalhão (na milícia cada batalhão tinha aproximadamente quatrocentos homens), e mais Benjamin, deveriam aproximar-se e cortar o arame fascista. Jorge atiraria a primeira bomba como sinal, e em seguida os demais deveriam despejar uma barreira de bombas, expulsar os fascistas do parapeito e apoderar-se dele antes que o inimigo pudesse reagir. Ao mesmo tempo, setenta Guardas de Assalto investiriam contra a "posição" fascista mais próxima, que ficava duzentos metros à direita da outra, ligadas por uma trincheira de comunicação. Para que não abríssemos fogo uns sobre os outros, na escuridão, usaríamos braçadeiras brancas.





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