Nesse momento alguém gritou que os fascistas estavam se aproximando. Era certo que a zoada dos tiros se tornara muito mais alta. Mas era óbvio que os fascistas não contra-atacariam pela direita, pois isso obrigá-los-ia a atravessar a terra de ninguém e atacar o seu próprio parapeito. Se tivessem algum juízo, viriam a nós por dentro da linha. Dei a volta até ao outro lado dos abrigos. A posição tinha o formato aproximado ao de uma ferradura, com os abrigos no meio, de modo que não tínhamos outro parapeito cobrindo nossa esquerda. De todas as direções vinha fogo cerrado contra nós, mas isso não fazia grande diferença. O ponto perigoso ficava bem à frente, onde não contávamos com qualquer proteção, e ali por cima passava uma torrente de balas, Deviam estar chegando da outra posição fascista mais além na linha, tornando-se evidente que os Guardas de Assalto não a haviam capturado. Dessa feita, todavia, o estrondo era ensurdecedor, o estrugir ininterrupto de fuzis disparados em massa, que eu estava acostumado a ouvir a distância, sendo aquela a primeira vez que me achava em meio dele. E a essa altura, como é claro, os disparos haviam-se espalhado por toda a linha de frente, quilômetros e quilômetros seguidos. Douglas Thompson, com um braço atingido e inutilizado, pendendo ao lado do corpo, estava encostado no parapeito e disparava contra os clarões, usando para isso o braço bom. Alguém cujo fuzil engasgara o ajudava, municiando sua arma.