No dia seguinte os Guardas de Assalto estavam por toda a parte, desfilando pelas ruas como autênticos conquistadores. Não havia dúvida de que o Governo estava apenas fazendo uma exibição de força a fim de acovardar uma população que já sabia incapaz de resistir; se houvesse qualquer medo verdadeiro a quaisquer outras eclosões, os Guardas de Assalto teriam permanecido nos quartéis e não seriam espalhados pelas ruas em grupos pequenos. Eram soldados esplêndidos, dos melhores que eu vira na Espanha, e embora acredite que, em certo sentido, eles fossem o inimigo , não pude deixar de gostar de seu aspeto. Mas era com espanto que os observava andando de um para outro lado. Eu estava acostumado à milícia esfarrapada e mal armada na frente de Aragón, e não sabia que a República possuía soldados assim. Não era apenas que fossem homens escolhidos, do ponto de vista físico, mas suas armas, o que mais me espantou. Todos estavam armados com fuzis novinhos em folha, do tipo conhecido como "fuzil russo" (eram enviados à Espanha pela U. R.S.S., mas acredito que fossem de fabricação norte-americana). Examinei um deles. Estava longe de ser perfeito, mas era muito melhor do que os bacamartes velhos e temíveis que tínhamos na linha de frente. Os Guardas de Assalto apresentavam uma submetralhadora em cada grupo de dez homens, e cada um deles possuía uma pistola automática, enquanto que no front dispúnhamos de mais ou menos uma metralhadora para cada cinquenta homens, e quanto a pistolas e revólveres, só ilegalmente era possível obtê-los, A bem da verdade, embora não houvesse reparado até então, acontecia o mesmo por toda a parte.