Elizabeth não conseguiu refrear por mais tempo a impaciência em que estava para contar a Jane o que tinha acontecido. E afinal, resolvendo omitir todos os detalhes que dissessem respeito à irmã, e prevenindo-a de que ia ficar surpresa, contou-lhe na manhã seguinte a maior parte da cena que se tinha passado entre Mr. Darcy e ela.
A surpresa de Miss Bennet a princípio foi grande, mas aos poucos começou a achar natural o que tinha acontecido, pois julgava que todos deviam compartilhar a admiração que sentia por Elizabeth. Era realmente lamentável que Mr. Darcy tivesse manifestado os seus sentimentos de uma forma que os recomendava tão pouco. Mas o que mais a entristeceu foi o desgosto que a recusa de sua irmã devia lhe ter causado.
- A certeza que ele tinha do êxito era falsa - disse Jane. - E sobretudo não devia ter transparecido. Mas não se esqueça de que isto torna ainda mais cruel o seu desapontamento.
- Realmente - disse Elizabeth -, eu sinto muito por ele. Mas Mr. Darcy tem outros sentimentos que provavelmente expulsarão dentro de muito pouco tempo a admiração que tem por mim. Mas você não me censura por tê-lo recusado?
- Censurar você? Oh, não...
- Mas me censura por ter tomado tão a peito o partido de Wickham?
- Não, não sei o que haveria de errado no que você disse.
- Mas você saberá, depois que lhe contar o que aconteceu no dia seguinte.
Elizabeth falou então na carta, repetindo tudo o que ela continha, na parte que se referia a George Wickham. Foi um grande choque para a pobre Jane, que de bom grado passaria pelo mundo sem saber que existia nele todo tanta maldade como a que se concentrava aqui num só indivíduo. Nem mesmo a justificação de Darcy, grata aos seus sentimentos, era suficiente para a consolar de uma tal descoberta.