Orgulho e Preconceito - Cap. 60: Capítulo LX Pág. 406 / 414

Capítulo LX

Sentindo-se tranquila, Elizabeth começou logo a gracejar. Pediu a Mr. Darcy que explicasse como se tinha apaixonado por ela.

- Como pôde começar? - perguntou ela. - Posso compreender perfeitamente que tenha continuado uma vez feito o primeiro passo, mas que foi que o impulsionou?

- Não posso fixar a hora ou o lugar. Isto já foi há muito tempo. Eu já estava no meio e ainda não sabia que tinha começado.

- Minha beleza, você a tinha negado desde o princípio. E quanto às minhas maneiras, meu comportamento para com você sempre beirou a falta de educação. E quase sempre, quando me dirigia a você, era com o intuito de feri-lo. Agora seja sincero: foi por causa da minha impertinência que me admirou?

- Pela vivacidade da sua inteligência, sim.

- É melhor chamar logo de impertinência. Era pouco menos. O fato é que estava farto de amabilidades, deferências e atenções. Sentia-se enojado com as mulheres que falavam, agiam e pensavam com o único fito de conquistá-lo. Despertei a sua atenção porque era tão diferente delas. Se você não fosse realmente bom, teria-me odiado. Mas, apesar do trabalho que teve para disfarçar os seus sentimentos, estes sempre foram nobres e justos. E no seu coração sempre desprezou as pessoas que o cortejavam tão assiduamente. Aí está: já lhe poupei o trabalho de uma explicação; e realmente, pensando bem, acho a minha hipótese muito razoável. Para falar a verdade, não me conhecia nenhuma boa qualidade. Mas ninguém pensa nisto quando se apaixona.

- Então não havia bondade no que fez por Jane quando ela esteve doente em Netherfield?

- Jane é uma pessoa querida. Quem não teria feito outro tanto por ela? Mas faça disso uma virtude, se quiser; minhas boas qualidades estão sob a sua proteção.





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