Orgulho e Preconceito - Cap. 3: Capítulo III Pág. 9 / 414

nem mesmo toda a sua grande propriedade, no Derbyshire, pôde salvá-lo da opinião que começava a se formar a seu respeito, de que ele tinha modos antipáticos e desagradáveis e de que era indigno de ser comparado ao amigo. E Mr. Bingley em pouco tempo travou relações com as principais pessoas da sala. Era animado e franco, dançava todas as vezes e mostrou-se aborrecido por ter o baile terminado tão cedo. Chegou mesmo a falar em dar outro em Netherfield. Qualidades tão amáveis falam por si mesmas. Que contraste entre ele e o amigo! Mr. Darcy dançou apenas uma vez com Mrs. Hurst e outra com Miss Bingley. Recusou-se a ser apresentado a qualquer outra moça e passou o resto da noite andando pelo salão, conversando ocasionalmente com uma ou outra pessoa do seu próprio grupo. Seu carácter estava fixado. Era o homem mais orgulhoso, mais desagradável do mundo. E todos pediram a Deus que ele nunca mais voltasse.

Entre as pessoas que estavam contra ele, a mais violenta era Mrs. Bennet, a cuja antipatia pela sua conduta se somava o despeito de ver uma das suas filhas desprezada por ele.

Devido à falta de pares, Elizabeth Bennet fora obrigada a ficar sentada durante duas danças; e parte desse tempo ela o passou suficientemente

próxima a Mr. Darcy para ouvir uma conversa entre ele e Mr. Bingley. Este último, que acabara de dançar, vinha animar o amigo a imitá-lo.

- Venha, Darcy - disse ele -, você precisa dançar. Incomoda-me vê-lo aí sozinho, de um modo tão estúpido. Seria muito melhor que você dançasse.

- Por coisa alguma deste mundo; bem sabe como eu detesto dançar, a não ser conhecendo intimamente o meu par. Numa festa como esta seria insuportável. Suas irmãs estão ocupadas e não existe outra mulher na sala com quem eu dançaria sem sacrifício.





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