CARO SENHOR
Com respeito à nossa transacção, já deve com certeza ter reparado que falta um pormenor essencial. Possuo o desenho que a completa. Não foi, todavia, fácil obtê-lo e preciso de mais quinhentas libras. Não confio nos correios para lhe enviar o documento e só aceito ouro ou notas. Iria ter consigo ao estrangeiro, mas a minha saída do país agora levantaria suspeitas. Espero-o, portanto, na sala de fumo do Charing Cross Hotel, ao meio-dia de sábado. Não esqueça que só aceito notas inglesas ou ouro.
»Vai resultar. Ficaria muito surpreendido se o nosso homem não respondesse.
E respondeu! Reza a história - a história secreta de uma nação que é tantas vezes mais esclarecedora e interessante que a crónica pública - que Oberstein, ansioso por completar o golpe da sua vida, caiu na armadilha e foi encarcerado por quinze anos numa prisão britânica. Na sua mala encontravam-se os planos, de valor incalculável, do submarino Bruce-Partington que ele pusera em leilão por todos os centros navais da Europa.
O Coronel Walter morreu na cadeia antes de completados dois anos da sua pena. Quanto a Holmes, retomou com toda a disponibilidade a monografia sobre os motetes polifónicos de Lassus, entretanto impressa para circulação restrita e considerada por especialistas como a última palavra sobre o assunto. Se manas depois, soube por acaso que o meu amigo passara uns dias em Windsor, de onde regressou com um alfinete de gravata, uma esmeralda, notavelmente requintado. Quando lhe perguntei se o comprara, disse-me que era um presente de uma graciosa senhora a quem tivera a fortuna de prestar um pequeno serviço. E mais não disse; mas creio poder adivinhar o nome augusto da senhora e sei que o alfinete recordará para sempre ao meu amigo a aventura dos planos Bruce-Partington.