Mas, primeiro examinou os papéis que eu trouxera. Disse que três deles eram essenciais e que devia guardá-los. «Não pode ficar com eles», disse eu. «Haverá uma convulsão terrível em Woolwich se não forem repostos no lugar.» «Tenho de ficar com eles», respondeu-me, «porque são tão complexos do ponto de vista técnico que é impossível fazer cópias a tempo.» «Têm de ser todos devolvidos esta noite» insisti. Ele reflectiu e anunciou, passado um momento, que achara a solução. «Fico com três, e os outros metemo-los no bolso deste rapaz. Quando o descobrirem, responsabilizá-lo-ão por tudo.» Eu não via maneira de resolver o caso e concordei. Esperamos meia hora à janela, até que um comboio parasse. O nevoeiro era tão espesso que ninguém podia ver nada e não tivemos dificuldade em colocar o corpo de West no comboio. No que me diz respeito, acabou tudo aqui.
- E o seu irmão?
- Não disse nada, mas tinha-me apanhado um dia com as chaves e penso que desconfiava. Li nos seus olhos que desconfiava de mim. Como sabe, nunca mais levantou a cabeça.
Fez-se silêncio. Mycroft Holmes quebrou-o:
- Não pode reparar o crime? Aliviava-lhe a consciência e talvez a pena.
- Reparar como?
- Onde está Oberstein com os papéis?
- Não sei.
- Não lhe deu nenhuma morada?
- Disse-me que as cartas que lhe enviasse para o Hôtel du Louvre em Paris, acabariam por lhe chegar às mãos.
- Então a reparação do crime está ainda ao seu alcance - disse Sherlock Holmes.
- Farei tudo o que puder. Não devo nada a esse homem. Foi a minha ruína e a minha vergonha.
- Aqui tem papel e pena. Sente-se à escrivaninha e escreva o que lhe vou ditar. Ponha no sobrescrito a morada de Paris, Assim..
