A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 7: O DESAPARECIMENTO DE LADY FRANCES CARFAX Pág. 140 / 210

Você tem o hábito de apertar as botas de uma certa maneira. Ora, estou a ver complicados laços duplos, o que não é costume em si. É óbvio que as descalçou e que alguém lhas apertou. Um sapateiro... ou o empregado do banho. O sapateiro é improvável, porque as suas botas são quase novas. Que resta? O banho. Absurdo, não é? Enfim, o banho turco já serviu para alguma coisa.

- Que coisa?

- Disse-me que o tomara por necessitar de uma mudança. Sugiro-lhe uma. Que me diz a Lausana, meu caro Watson? Bilhetes de primeira classe e todas as despesas principescamente pagas?

- Esplêndido! Mas porquê?

Holmes recostou-se na poltrona e tirou do bolso o bloco de notas.

- Umas das mais perigosas classes do mundo - disse - é constituída pelas mulheres sem amigos, à deriva. Estas mulheres são as mais inofensivas que se possa imaginar, e com frequência os mais úteis dos mortais, mas também as inevitáveis incitadoras do crime. Estão desamparadas. Não têm parança. Possuem meios suficientes para andar de país em país e de hotel em hotel. Perdem-se muitas vezes num labirinto de pensions e estalagens obscuras. São galinhas desgarradas num mundo de raposas. Quando escolhidas como alvo, raramente o tiro falha. Receio bem que algum mal tenha acontecido a Lady Frances Carfax.

Senti-me aliviado perante esta súbita descida do geral ao particular. Holmes consultou os seus apontamentos.

- Lady Frances - prosseguiu Holmes - é a única sobrevivente da família do falecido conde de Rufton. As propriedades ficaram, se bem se lembra, na linha masculina. Lady Frances viu-se com recursos limitados, mas com algumas preciosas jóias espanholas de prata, antigas, e diamantes originalmente lapidados de que gostava muito.





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