A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 2: A AVENTURA DE WISTERIA LODGE Pág. 21 / 210

Como era seu hábito, não me disse nada; como era meu hábito, nada perguntei. Bastava-me partilhar a perseguição e oferecer o meu humilde contributo para a captura, sem distrair aquele cérebro concentrado com interrupções desnecessárias. Tudo se esclareceria a seu tempo.

Esperei, portanto... mas, para meu crescente desapontamento, em vão. Os dias passavam e o meu amigo não dava um passo em frente. Foi uma manhã à cidade e soube por referência casual que estivera no Museu Britânico. Tirando esta deslocação, passava os dias dando longos passeios, muitas vezes sozinho, ou a conversar com bisbilhoteiros da aldeia, cuja companhia cultivava.

- Verá, Watson, que não há nada que chegue ao campo - dizia-me. - É muito agradável ver os primeiros rebentos nas sebes, as candeias nas aveleiras. Com uma pá, uma lata e um compêndio de botânica, passam-se dias muito instrutivos.

Andava ele próprio com um equipamento assim, mas não era famoso o conjunto de plantas que colhia.

Às vezes, nas nossas deambulações, cruzávamo-nos com o inspector Baynes. O seu rosto anafado e vermelhusco abria-se em sorrisos e os seus olhinhos reluziam ao cumprimentar o meu companheiro. Falava pouco sobre o caso, mas do pouco que falava deduzíamos que também não estava insatisfeito com o curso dos acontecimentos. Devo, no entanto, admitir que fiquei algo surpreendido quando, cinco dias após o crime, abri o meu jornal da manhã e li em letras garrafais:

DESVENDADO O MISTÉRIO DE OXSHOTT

PRESO SUSPEITO DO ASSASSÍNIO

Holmes deu um salto na cadeira, como se uma cobra o tivesse mordido, quando li em voz alta o título,

- Por Júpiter! - exclamou. - Quer dizer que Baynes o apanhou?

- Pelos vistos.





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