Watson, que os casos sensacionais tinham desaparecido dos jornais.
O nosso visitante estendeu a mão a tremer e pegou no Daily Telegraph que estava sobre os joelhos de Holmes.
- Se tivesse já lido o jornal teria imediatamente visto qual a razão que me levou a procurá-lo esta manhã. Sinto como se o meu nome e a minha infelicidade estivessem na boca de todos. - Folheou o jornal e mostrou a página central. - Cá está, e, se me permite, vou ler-lhe a notícia. Ouça, Sr. Holmes, o título é: «Misterioso Caso em Lower Norwood. Desaparecimento de um Conhecido Construtor. Suspeita de Assassínio e de Fogo Posto. Há Uma Pista do Criminoso.» É essa pista que eles já estão a seguir. Sr. Holmes, e eu sei que infalivelmente levará a mim. Fui seguido desde a estação de London Bridge e estou certo de que estão apenas à espera do mandado para me prenderem. Isso dará cabo da minha mãe... dará cabo dela! - O jovem apertava as mãos numa agonia de apreensão e balouçava-se para a frente e para trás na cadeira.
Olhei com interesse para aquele homem acusado de ser o autor de um crime violento. Tinha cabelo louro e feições harmoniosas, embora um pouco apagadas, olhos azuis aterrorizados, rosto rapado e uma boca revelando fraqueza e sensatez. Teria à volta de 27 anos e o porte de um cavalheiro. Tirou da algibeira do sobretudo leve de Verão um molho de documentos oficiais que atestavam a sua profissão.
- Temos de aproveitar o tempo que nos resta - disse Holmes.
- Watson, tem a bondade de pegar no jornal e de ler o parágrafo em questão?
Por baixo do título de forte impacte que o nosso cliente já citara, li a seguinte narrativa sugestiva:
«Às últimas horas da noite de ontem, ou na madrugada de hoje, ocorreu um incidente em Lower Norwood que aponta, como bem se receia, para um grave crime.