A Princesa da Babilónia - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 16 / 82

O pássaro retomou em seguida o voo, a fim de voltar para junto desta. Desenrolava, assim, tão linda cauda, suas asas distendidas ostentavam tão brilhantes cores, tamanho fulgor lançava o ouro da sua plumagem, que todos os olhos só se fixavam nele. Todos os músicos cessaram de tocar e permaneceram imóveis. Ninguém comia, ninguém falava, só se ouvia um murmúrio de admiração. A princesa de Babilônia beijou-o durante toda a ceia, sem ao menos pensar que havia reis neste mundo. O das Índias e do Egito sentiram redobrar seu despeito e indignação, e cada qual prometeu a si mesmo apressar a marcha de seus trezentos mil homens, para uma boa vingança.

Quanto ao rei dos citas, estava ocupado em conversar com a bela Aldeia: seu coração altivo, desprezando sem despeito as desatenções de Formosante, concebera por ela mais indiferença que cólera.

- Ela é bonita, confesso-o dizia ele. - Mas me parece dessas mulheres que só se ocupam com a sua beleza, e que pensam que o gênero humano lhes deve ficar muito agradecido quando se dignam deixar-se ver em público. Não se adoram ídolos no meu país. Eu preferia uma feiosa amável e prestativa, a essa bela estátua. Quanto à senhora, tem tantos encantos como Formosante, e ao menos se digna conversar com os estrangeiros. Confesso-lhe, com a franqueza de um cita, que prefiro a senhora à sua prima.

Enganava-se, contudo, a respeito do caráter de Formosante: ela não era tão desdenhosa como parecia; mas o cumprimento do rei foi muito bem recebido pela princesa Aldeia. A conversa de ambos tornou-se muito interessante: estavam muito satisfeitos e já seguros um do outro quando se levantaram da mesa.

Após a ceia, foram passear pelos bosques. O rei dos citas e Aldeia não deixaram de procurar um recanto solitário.





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