Logo que desembarcou no solo raso e lamacento da Batávia, Amazan partiu como um raio para a cidade das sete montanhas. Teve de atravessar a parte meridional da Germânia. De quatro em quatro milhas, topava com um príncipe e uma princesa, aias e mendigos. Espantava-se das galanterias que aquelas damas e aias lhe faziam por toda parte, com a boa fé germânica; e só lhes respondia com modestas recusas. Depois de franquear os Alpes, atravessou o mar de Dalmácia, e desembarcou numa cidade que em nada se parecia com o que vira até então. O mar formava as ruas, as casas eram construídas n'água. As poucas praças públicas que ornavam aquela cidade estavam cheias de homens e mulheres que tinham um duplo rosto, o que a natureza lhes dera, e um rosto de cartão mal pintado que aplicavam por cima; de maneira que a nação parecia composta de espectros. Os recém-chegados começavam por comprar um rosto, como em outros lugares se adquire um barrete ou um par de sapatos. Amazan desprezou essa moda contra a natureza; apresentou-se tal como era. Havia na cidade doze mil raparigas registradas na escrita da república: raparigas úteis ao Estado, encarregadas do mais vantajoso e agradável comércio que já enriqueceu uma nação. Os negociantes comuns, com grandes gastos e riscos, enviavam estofos para o Oriente; aquelas belas negociantes faziam, sem o mínimo risco, um sempre renovado tráfico de seus encantos. Vieram todas apresentar-se ao belo Amazan e oferecer-lhe a escolha. Ele escapou-se o mais depressa possível, pronunciando o nome da incomparável princesa de Babilônia e jurando pelos deuses imortais que ela era mais linda que todas as doze mil raparigas venezianas.