Amor de Perdição - Cap. 20: Capítulo 20 Pág. 132 / 145

Nenhum estorvo impedia o embarque de Mariana, que se apresentou ao corregedor do crime como criada do degredado, com passagem paga por seu amo.

– E a passagem vale-a bem! – disse o galhofeiro magistrado. Simão assistiu ao encaixotar da sua bagagem, numa quietação terrível, como se ignorasse o seu destino.

Quis muitas vezes escrever a derradeira carta à moribunda Teresa, e nem sinal de lágrimas podia já enviar-lhe no papel.

– Que trevas, meu Deus! – exclamava ele, e arrancava a mãos-cheias os cabelos. – Dai-me lágrimas, Senhor! Deixai-me chorar, ou matai-me, que este sofrimento é insuportável!

Mariana contemplava estarrecida estes e outros lances de loucura, ou os não menos medonhos da letargia.

– E Teresa! – bradava ele, surgindo subitamente do seu espasmo. – E aquela infeliz menina que eu matei! Não hei-de vê-la mais, nunca mais! Ninguém me levará ao degredo a notícia da sua morte! E, quando eu a chamar para que me veja morrer digno dela, quem te dirá que eu morri, ó mártir?!





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