Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 14: Capítulo 14

Página 94

– E Teresa? Perguntaram a tempo, minhas senhoras, e não me hei-de queixar se me arguirem de a ter esquecido e sacrificado a incidentes de menos porte.

Esquecido, não. Muito há que me reluz e voeja, alada como ideal querubim dos santos, nesta minha quase escuridade, aquela ave do céu, como a pedir-me que lhe cubra de flores o rastilho de sangue que ela deixou na terra. Mais lágrimas que sangue deixaste, ó filha da amargura! Flores são tuas lágrimas, e do Céu me diz se os perfumes delas não valem mais aos pés do teu Deus que as preces de muita devota, que morre santificada pelo mundo, e cujo cheiro de santidade não passa do olfacto hipócrita ou estúpido dos mortais.

Teresa Clementina bem a viram transportada da escadaria do templo, onde caíra, à liteira que a conduziu ao Porto. Recobrando o alento, viu defronte de si uma criada, que lhe dizia banais e frias expressões de alívio. Se alguma criada de seu pai lhe era amiga, decerto não aquela, acintosamente escolhida pelo velho. Nem ao menos a confiança para tal expansão em gritos restava à afligida menina! Mas um raio de piedade ferira súbito o peito da mulher até àquela hora desafecta a sua ama.

Perguntava-se a si mesma Teresa se aquela horrorosa situação seria um sonho! Sentia-se de novo falecer de forças, e voltava à vida, acudida pela consciência da sua desgraça. Condoeu-se a criada, e incitou-a a respirar, chorando com ela, e dizendo-lhe:

– Pode falar, menina, que ninguém nos segue.

– Ninguém?!

– As suas primas ficaram: apenas vêm os dois lacaios.

– E meu pai não?

– Não, fidalga… Pode chorar e falar à sua vontade.

– Eu vou para o Porto?

– Vamos, sim, minha senhora.

– E tu viste tudo como foi, Constança?

– Desgraçadamente vi…

– Como foi? Conta-me tudo.

– A menina bem sabe que seu primo morreu.

– Morreu?! Vi-o cair quase aos meus pés; mas…

– Morreu logo, e depois quiseram os criados, à voz de seu pai, prender o senhor Simão; mas ele com outra pistola…

– E fugiu? – atalhou Teresa, com veemente alegria.

<< Página Anterior

pág. 94 (Capítulo 14)

Página Seguinte >>

Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 94

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139