Como, ao publicar este relato da minha vida, o faço por amor da moral a tirar de todas as suas passagens, e para elucidação, advertência, prevenção e proveito de todos os leitores, espero que isto não passe por divagação desnecessária acerca de certas pessoas serem obrigadas a revelar os maiores segredos, quer seus, quer de outrem.
Como dizia, vivia oprimida pelo meu segredo, que não ousava revelar, atrevendo-me apenas a confiar ao meu marido o que me parecia bastar para o convencer da necessidade de nos instalarmos em qualquer outro lugar. Mas a dificuldade consistia em decidir que outra parte das colónias britânicas devíamos escolher. O meu marido desconhecia em absoluto a região e não possuía ainda conhecimentos geográficos da situação dos vários locais; e eu, que até escrever esta história ignorava o que significava a palavra geográfico, tinha apenas os rudimentos gerais obtidos nas minhas longas relações com pessoas que iam e vinham de diversos lugares. Sabia, no entanto, que Marilândia, Pensilvânia, Jérsia Ocidental e Oriental, Nova Iorque e Nova Inglaterra ficavam todas ao norte da Virgínia e eram, portanto, terras de climas mais frio, as quais, por esse motivo, me desagradavam. Sempre gostara de climas quentes e agora, com a idade; não poderia tolerar os frios. Pensei, por isso, em ir. para a Carolina, que é á única colónia sulista dos Ingleses no continente americano, tanto mais que daí podia vir com facilidade, quando me parecesse apropositado, informar-me do testamento da minha mãe e identificar-me para a ele me habilitar.