O Raposo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 95 / 111

O rapaz apertou-lhe a mão como que surpreendido. Depois, voltaram a afastar-se.

- Então veio a pedalar todo o caminho desde a planície de Salisbury, não é assim? perguntou o velhote.

- Sim, é verdade.

- Ah! Grande esticão!... E quanto tempo levou, hem? Muito tempo, não? Presumo que várias horas.

- À roda de quatro, sim.

- Quatro, hem? Sim, logo pensei que devia andar por aí. E então quando é que tem que voltar?

- Tenho licença até amanhã à tarde.

- Até amanhã à tarde, disse? Sim, senhor, muito bem. Ah! As raparigas não estavam à sua espera, pois não?

E o velhote, virando-se para as raparigas, olhou-as com os seus olhinhos trocistas, uns olhos redondos e azuis, de um azul pálido muito brilhante sob as pestanas brancas. Henry olhou também à sua volta. Começava a sentir-se um pouco embaraçado. Olhou então para March, que continuava imóvel, olhos fixos na distância como que a ver por onde andava o gado. Tinha a mão assente no cabo do machado, a lâmina negligentemente pousada no chão.

- Que estavam aqui a fazer? - perguntou ele, na sua voz suave e cortês. - A deitar abaixo uma árvore?

March parecia não o ouvir, extática como se estivesse em transe.

- É verdade _. respondeu Banford. - Há já uma semana que andamos a tentar derrubá-la.

- Oh! Então têm feito todo o trabalho sozinhas, não?

- A Nellie é que tem, eu cá por mim não fiz nada - retorquiu Banford.

- Palavra? Nesse caso, deves ter tido muito trabalho - disse então ele, dirigindo-se directamente a March num tom de voz algo estranho, apesar de gentil e cortês. Mas ela não respondeu, mantendo-se um pouco de lado, os olhos obsessivamente fixos na distância, olhando os bosques lá ao fundo como que hipnotizada.





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