- Espero que não vá cair para trás, abatendo-se sobre as nossas cabeças! - disse o velhote, sarcástico.
- Não, isso não vai acontecer - respondeu Henry, tirando a samarra e o casaco. Toca a andar, patos, fora daqui!
Vindos do prado acima, uma fila de quatro patos brancos com pintas acastanhadas, conduzidos por um macho castanho e verde, vinham disparados colina abaixo, vogando como barcos em mar encapelado, os bicos abertos, furiosos, enquanto desciam em grande velocidade por ali abaixo em direcção à vedação e ao pequeno grupo ali reunido, grasnando numa tal excitação que dir-se-ia trazerem novas da Armada Espanhola.
- Oh, grandes tontinhos, grandes tontinhos! - gritou Banford, indo até junto deles para os afugentar dali. Mas eles dirigiram-se impetuosamente ao seu encontro, abrindo os bicos amarelo-esverdeados e grasnando como se estivessem excitadíssimos para lhe comunicar uma qualquer novidade.
- Aqui não há comida, não há nada para vocês. Esperem um bocado que já comem - dizia-lhes Banford. - Vá, vão-se embora, vão-se embora! Dêem a volta, vão para o pátio!
Mas, como eles não lhe obedeciam, ela decidiu-se a trepar a vedação a fim de ver se os desviava dali, de modo a que dessem a volta por debaixo do portão e entrassem no pátio. E lá foram eles atrás, a abanarem-se novamente todos excitados, sacudindo o rabo como popas de pequeninas gôndolas ao mergulharem por debaixo da grade do portão. Banford parou então no alto do talude, imediatamente acima da vedação, ficando ali de pé a olhar para os outros três lá em baixo.
Erguendo os olhos, Henry fitou-a, indo ao encontro daqueles olhos mirrados e fracos, daquelas pupilas arredondadas e estranhas que o miravam por detrás dos óculos.