- De escacha! fez o cônego suado, dobrando a Voz do Distrito.
O padre Amaro tinha os olhos enevoados de duas lágrimas de raiva: passou devagar o lenço pela testa, soprou, disse com os beiços a tremer:
- Eu, colegas, nem sei o que hei-de dizer! Pelo Deus que me ouve, isto é a calúnia das calúnias.
- Uma calúnia infame... rosnaram.
- E a mim, o que me parece, continuou Amaro, é que nos dirijamos à autoridade!
- É o que eu tinha dito, acudiu Natário, é necessário falar ao secretário-geral...
- Um cacete é que é! rugiu o padre Brito. Autoridade! O que é, é rachá-lo! Eu bebia-lhe o sangue!...
O cônego, que meditava coçando o queixo, disse então:
- E você, Natário, é que deve ir ao secretário-geral. Você tem língua, tem lógica...
- Se os colegas decidem, disse Natário curvando-se, vou. E hei-de- lhas cantar, à autoridade!
Amaro ficara junto da mesa com a cabeça entre as mãos, aniquilado. E o Libaninho murmurava:
- Ai, filhos, eu não é nada comigo, mas só de ouvir todo esse aranzel, até se me estão a vergar as pernas. Ai, filhos, um desgosto assim...
Mas sentiram a voz da Sra. Joaquina Gansoso subindo a escada; e o cônego imediatamente com uma voz prudente:
- Colegas, o melhor, diante das senhoras, é não se falar mais nisto. Bem basta o que basta.
Daí a momentos, apenas Amélia entrou, Amaro ergueu-se, declarou que estava com uma forte dor de cabeça, e despediu-se das senhoras.
- E sem tomar chá? acudiu a S. Joaneira.
- Sim, minha senhora, disse ele embrulhando-se no seu capote, não me estou a sentir bem. Boas noites... E você, Natário, apareça amanhã pela Sé à uma hora.