O Crime do Padre Amaro - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 162 / 478

A S. Joaneira então declarou que lhe ia falar como a um filho: o artigo afligira-a, sobretudo por causa dele, João Eduardo. Porque enfim ele podia acreditar também, desfazer o casamento, e que desgosto! E ela podia dizer-lhe como mulher de bem, como mãe, que não havia entre a pequena e o senhor pároco, nada, nada, nada! Era a rapariga que tinha aquele gênio comunicativo! E o pároco tinha boas palavras, sempre muito delicado... Que ela sempre o dissera, o Sr. padre Amaro tinha maneiras que tocavam o coração...

- Decerto, disse João Eduardo mordendo o bigode, com a cabeça baixa.

A S. Joaneira então pôs a mão de leve sobre o joelho do escrevente, e fitando-o:

- E olhe, não sei se me fica mal dizer-lho, mas a rapariga quer-lhe deveras, João Eduardo.

O coração do escrevente teve uma palpitação comovida.

- E eu! disse. A D. Augusta sabe a paixão que eu tenho por ela... E lá do artigo que me importa a mim?

Então a S. Joaneira limpou os olhos ao avental branco. Ai! era uma alegria para ela! Ela sempre o dissera, como rapaz de bem, não havia outro na cidade de Leiria! .

- Você sabe, quero-lhe como filho!

O escrevente enterneceu-se:

- Pois vamos a isso, e tapam-se as bocas do mundo... E erguendo- se, com uma solenidade engraçada:

- Sra. D. Augusta! Tenho a honra de lhe pedir a mão...

Ela riu-se, - e na sua alegria João Eduardo beijou-a na testa, filialmente.

- E fale à noite à Ameliazinha, disse ao sair. Eu venho amanhã, e felicidade não há-de faltar...

- Louvado seja Nosso Senhor, acrescentou a S. Joaneira retomando a sua costura, com um suspiro de muito alivio.

Apenas, nessa tarde, Amélia voltou do Morenal, a S. Joaneira, que estava pondo a mesa, disse-lhe:

- Esteve ai o João Eduardo...





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