O Crime do Padre Amaro - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 42 / 478

- Ah! disse o ministro, compreendendo e olhando para Amaro, que vergou os ombros, corado.

O homem das suíças, que estava de pé fazendo saltar circunspectamente os berloques, adiantou-se, cheio de informações:

- Das vagas, minha senhora, é Leiria, capital do distrito e sede do bispado.

- Leiria? disse Teresa. Bem sei, é onde há umas ruínas?

- Um Castelo, minha senhora, edificado por D. Dinis.

- Leiria é excelente!

- Mas perdão, perdão! disse o ministro, Leiria, sede do bispado, uma cidade... O Sr. padre Amaro é um eclesiástico novo...

- Ora, Sr. Correia! exclamou Teresa, e o senhor não é novo?

O ministro sorriu, curvando-se.

- Dize alguma coisa, tu, disse a condessa a seu marido, que coçava ternamente a cabeça da arara.

- Parece-me inútil, o pobre Correia está vencido! A prima Teresa chamou-lhe novo!

- Mas perdão, protestou o ministro. Não me parece que seja uma lisonja excepcional; eu não sou também tão antigo...

- Oh, desgraçado! gritou o conde, lembra-te que já conspiravas em 1820.

- Era meu pai, caluniador, era meu pai!

Todos riram.

- Sr. Correia, disse Teresa, está entendido. O Sr. padre Amaro vai para Leiria!

- Bem, bem, sucumbo, disse o ministro com gesto resignado. Mas é uma tirania!

- Thank you, fez Teresa, estendendo-lhe a mão.

- Mas, minha senhora, estou a estranhá-la, disse o ministro, fixando-a.

- Estou contente hoje, disse ela. Olhou um momento para o chão, distraída, dando pequeninas pancadas no vestido de seda, levantou-se, foi sentar-se ao piano bruscamente, e recomeçou a doce ária inglesa:

The village seems dead and asleep

When Lubin is away!...

Entretanto, o conde tinha-se aproximado de Amaro, que se erguera.





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