A Década Perdida - Cap. 2: O DIAMANTE DO TAMANHO DO RITZ Pág. 107 / 182

- Correm contigo antes de começares.

- O pai vai estar lá? - perguntou ela. John voltou-se para ela espantado.

- O teu pai morreu - replicou melancólico.

- Porque havia ele de ir para Hades? Confundiste com outro lugar que já desapareceu há muito tempo.

Depois de comerem, dobraram a toalha e estenderam os cobertores para passarem a noite.

- Que sonho que foi tudo - suspirou Kismine olhando para as estrelas. - Que estranho parece estar aqui, só com um vestido e com um noivo sem cheta!

- Debaixo das estrelas - repetiu ela. - Nunca tinha reparado nas estrelas. Pensava sempre nelas como grandes diamantes que pertenciam a alguém. Agora assustam-me. Fazem-me sentir que foi tudo um sonho, toda a minha juventude.

- E foi um sonho - disse John calmamente.

- A juventude de todos nós é um sonho, uma forma de loucura química.

- Então que bom é estar louco!

- Foi o que ouvi dizer - disse John sombrio.

Já não sei nada. De qualquer modo, amemo-nos por uns tempos, talvez um ano, tu e eu. É uma forma de divina embriaguez que todos podemos experimentar. Só há diamantes em todo o mundo, diamantes e talvez o pobre dom da desilusão. Bom, este tenho-o eu e vou fazer dele o «nada» habitual. - Teve um arrepio. - Sobe a gola do teu casaco, pequenina, a noite está fria e podes apanhar uma pneumonia. Foi um grande pecador quem inventou a consciência. Vamos perdê-la por algumas horas.

E, enrolando-se no cobertor, preparou-se para dormir.





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