Noites Brancas - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 52 / 67

Meu Deus, como tudo isto acabou! De que modo acabou! Cheguei às nove horas. Ela já lá estava. Vira-a já de longe. Estava como da primeira vez, com os cotovelos apoiados no parapeito da muralha, e não se apercebeu da minha aproximação.

— Nastenka!—chamei, reprimindo a custo a minha emoção.

Voltou-se rapidamente para mim.

— Sim—disse ela—, venha depressa!

Olhei-a, perplexo.

— Então, onde está a carta? Trouxe-a?—repetiu, apoiando as mãos no parapeito.

— Não, não há carta...—disse eu finalmente.—Então ele não está ainda em sua casa?

Ela empalideceu terrivelmente e olhou-me sem fazer sequer um movimento. Eu destruíra a sua derradeira esperança.

— Então, que Deus o guarde! — proferiu, com uma voz entrecortada. — Que vá para o diabo, já que me abandona assim.

Baixou os olhos, depois quis fitar-me, mas não foi capaz. Por alguns minutos ainda^j procurou dominar a sua perturbação, mas bruscamente voltou-se e, apoiando os cotovelos na balaustrada do cais, rompeu em pranto.

— Basta! Vamos! — disse eu, mas, ao vê-la assim, não tive coragem para prosseguir; e, aliás, que lhe teria podido dizer?





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