Depois, a tampa da caixinha tombou brandamente entre o ciciar dos soluços, e toda a brancura se apagou; uma noite de luar que se cerrasse em sombras...
E já foi... Desceu os degraus da escada, baloiçada no seu esquife branco, com a cabeça, tonta do perfume das flores e dos seus sonhos de amor encerrados com ela, corno se lá tivessem encerrado, numa suprema oferta, todas as primaveras que no mundo tinham de florir depois dela.
E lá a deixaram. A vaga que a levara, quebrara-se de encontro â praia., e o esquife, barco sem velas, dormia no porto ao abrigo dos vendavais, das medonhas invernias desencadeadas, das outras vagas maiores que se quebravam ao longe, num marulhar incessante, no mar alto da vida. A Morta podia dormir, a Morta podia sonhar.
Silêncio, Um silêncio feito de fluidos rumorosos, do vago rastejar de um perfume, de um leve vapor de incenso pairando. Silêncio como um vago clarão de fogo-fátuo, como o rasto, a poalha de um desejo imaterial, silêncio em torno da vasta catedral de sombras onde as sombras vestidas de branco pontificam pelas noites.
Os outros mortos, ao lado, dormiam pesadamente, descansadamente. Um dia tinham pendido os braços num gesto de fadiga e tinham ficado assim pelos séculos dos séculos. A Morta viu-os a todos e de nenhum se lembrou; o mundo ficava longe.
Começou depois o encantamento. Todas as tardes, à hora em que o